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Sustentabilidade não é moda. É necessidade

  • Foto do escritor: Bianca Emisa
    Bianca Emisa
  • 5 de jun.
  • 5 min de leitura

Fique por dentro do impacto do ESG na pista


No Dia Mundial do Meio Ambiente, o som dos motores pode soar paradoxal. Mas, dentro das pistas do automobilismo brasileiro, uma nova marcha está sendo engatada — e ela é verde. O projeto “ESG na Pista”, idealizado por Victoria Angelina, representa uma guinada consciente em um universo muitas vezes associado à queima de combustível, pneus e recursos. Em parceria com a equipe AMattheis e a marca Vida BR, uma ação inédita na Stock Car 2025 transforma não só o visual dos boxes, mas também a mentalidade de quem vive o esporte por dentro.

 “Não é moda. É necessidade.” A frase estampa a camiseta do uniforme da equipe AMattheis — mas vai muito além de um slogan. Produzidas com garrafas PET recicladas e confeccionadas por pessoas em projetos de ressocialização, as peças são multifuncionais e mudam de cor sob o sol, funcionando como um alerta visual para a necessidade de consciência ambiental. Essa é apenas uma das faces do projeto que une moda, esporte, comunicação e impacto social.

“Não é moda. É necessidade.” A frase estampa a camiseta do uniforme da equipe AMattheis — mas vai muito além de um slogan. Produzidas com garrafas PET recicladas e confeccionadas por pessoas em projetos de ressocialização, as peças são multifuncionais e mudam de cor sob o sol, funcionando como um alerta visual para a necessidade de consciência ambiental. Essa é apenas uma das faces do projeto que une moda, esporte, comunicação e impacto social.


ESG na Pista: o portal que conecta esporte e consciência

O ESG na Pista nasceu da inquietação de Victoria Angelina, comunicadora formada em Relações Públicas e pós-graduada em ESG e Inovação. Apaixonada por automobilismo desde jovem, ela percebeu que, apesar do esporte ser um símbolo de tecnologia e performance, ainda carecia de discussões mais profundas sobre responsabilidade socioambiental e representatividade.


Durante a graduação, Victoria já se envolvia com projetos sociais e iniciativas voltadas ao impacto comunitário. Mas foi no Trabalho de Conclusão de Curso que ela identificou uma lacuna importante: falava-se muito de inovação e performance no automobilismo, mas pouco sobre ESG. Ao mergulhar no tema da sustentabilidade na Fórmula 1, percebeu o quanto a discussão ainda era restrita. “Notei que poucas pessoas entendem que ESG também está relacionado ao risco financeiro das empresas”, explica.


“A gente só muda aquilo que conhece. E o primeiro passo é informar”, afirma Victoria. A partir desse despertar, ela começou a mapear ações sustentáveis dentro do automobilismo e notou um vazio de comunicação sobre o tema. Foi assim que nasceu o ESG na Pista: com o objetivo de ampliar o debate e tornar as iniciativas mais visíveis, acessíveis e engajadoras. Com base em educação e comunicação, o projeto atua tanto nos bastidores quanto na linha de frente do grid.


“A Fórmula E abriu caminho ao trazer pautas sustentáveis para o centro do grid. E agora vemos outras categorias, que não nasceram com esse foco, também se movimentando nessa direção”, comenta.


   Hoje, Victoria atua sozinha na gestão do projeto, promovendo ações educativas, cobrindo eventos, desenvolvendo conteúdo informativo e articulando parcerias com equipes e empresas do setor.


Foi a partir dessa atuação que surgiu a conexão com a AMattheis, uma das equipes mais tradicionais da Stock Car. Em 2024, Rachel Loh, engenheira da equipe, observou o trabalho de Victoria nas redes e a convidou para uma colaboração mais profunda. “Achei que ela era a pessoa certa para começar a implementar essa cultura de forma estruturada dentro da nossa equipe”, relata Rachel.


Parcerias que fazem a diferença


Essa união entre frentes distintas — comunicação, engenharia e moda — deu origem a um pacote de ações sustentáveis para a temporada 2025. A Vida BR, marca de moda reconhecida por suas soluções inovadoras e ecológicas, foi convidada a desenvolver os novos uniformes da equipe.


Produzidas a partir de algodão orgânico e garrafas PET recicladas, as peças possuem uma tecnologia única: suas cores se revelam à luz do sol.

A Vida BR, marca de moda reconhecida por suas soluções inovadoras e ecológicas, foi convidada a desenvolver os novos uniformes da equipe.        Produzidas a partir de algodão orgânico e garrafas PET recicladas, as peças possuem uma tecnologia única: suas cores se revelam à luz do sol.
Imagem de divulgação - Vida BR

Mas a sustentabilidade não está apenas nos detalhes de produção de — ela está no DNA da proposta. Até mesmo a etiqueta utilizada nas peças foi transformada em papel semente, um tipo de papel reciclado que pode ser plantado para dar origem a novas plantas. Esse processo é realizado em parceria com o Projeto Resgate, uma iniciativa que capacita pessoas em recuperação da dependência química, reforçando o compromisso social das marcas à frente desse propósito.


Segundo Rachel Loh, a equipe já cultivava um olhar atento para práticas responsáveis, mas 2025 marcou um avanço. “Sempre tivemos um cuidado com descarte de óleos e pneus, com economia de energia… mas muitas das iniciativas acabavam sendo mais motivadas por economia do que por consciência ambiental. Agora isso mudou. A sustentabilidade se tornou um pilar de valor.”


Do uniforme à atitude: práticas sustentáveis nas pistas


Com a chegada do ESG na Pista e o reforço da parceria com a Vida BR, a AMattheis adotou uma série de medidas nos bastidores. O uso de copos descartáveis foi eliminado. Funcionários foram incentivados a utilizar garrafinhas reutilizáveis, e os insumos do box — como água e mexedores de café — foram trocados por alternativas sustentáveis: latinhas de alumínio, copos de papel reciclável e mexedores de bambu.


Mais do que isso, foi desenvolvida uma cartilha educativa sobre ESG, a ser lançada na semana do meio ambiente, com explicações simples sobre os conceitos e dicas práticas para os fãs. O material foi baseado na metodologia da Curva de Engajamento, desenvolvida pela consultoria Cause, e ajuda o público a identificar onde está no caminho da transformação — da indiferença à ação.


“Nosso objetivo é vestir essa camisa — literalmente. A mudança tem que ser visível, mas principalmente vivida”, afirma Rachel.


Mais do que simbólico: o impacto da ação

“O automobilismo tem muito a evoluir, e a sustentabilidade pode — e deve — fazer parte dessa trajetória”, reforça Victoria. E o impacto das ações vai além do box. As redes sociais da equipe e do projeto ESG na Pista se tornaram canais de educação ambiental, atingindo públicos que talvez não tivessem contato com esse tipo de conteúdo. “O público jovem está engajado. Ele quer se sentir parte da mudança”, acredita a comunicadora.


Além do projeto Victoria atua como voluntária na Comissão Feminina da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo), ajudando a selecionar meninas para programas de estágio. E levanta a bandeira da diversidade dentro dos boxes: “Ainda é raro vermos pessoas pretas, trans ou com deficiência com grande presença nos autódromos. A mudança precisa ser constante e coletiva. ESG também é sobre representatividade.”

Estágio em Motorsports na AMattheis Motorsport em 2024 - Crédito:Gabrielle Tiepollo/CFA
Estágio em Motorsports na AMattheis Motorsport em 2024 - Crédito:Gabrielle Tiepollo/CFA

O automobilismo como agente de transformação


No fim das contas, o que se desenha é um novo perfil para o esporte a motor brasileiro. Um perfil que compreende seu poder de influência e sua responsabilidade com o futuro.

Iniciativas como o ESG na Pista mostram que a transformação é possível — e que ela começa com pequenos atos: uma camiseta de material reciclado, uma garrafa reutilizável, uma conversa no box.


Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, o automobilismo mostra que não precisa apenas correr contra o tempo. Ele pode correr a favor do planeta. E como toda boa corrida, o importante é começar. A largada já foi dada.


Por Bianca Emisa

 Jornalista esportiva, social media e fundadora do Passaporte Esportivo

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