Robert Kubica revela como mantém os pés no chão após Le Mans e compartilha impressões sobre a etapa Brasileira
- Bianca Emisa
- 13 de jul.
- 3 min de leitura
Mesmo após conquistar a vitória nas 24 Horas de Le Mans em 2025, o piloto polonês mantém a simplicidade e o foco que o caracterizam. Em entrevista exclusiva, ele fala sobre resiliência, disciplina e a escolha consciente por seguir sendo apenas "o Robert"

Cerca de um mês após conquistar a mais gloriosa vitória de sua carreira, Robert Kubica desembarcou em Interlagos para disputar a quinta etapa do Campeonato Mundial de Endurance da FIA (WEC). Campeão das 24 Horas de Le Mans em 2025, o piloto polonês da Ferrari poderia estar celebrando — e com razão — a consagração definitiva no automobilismo internacional. No entanto, quem o encontrou no paddock brasileiro encontrou o mesmo profissional sereno, centrado e fiel à sua essência.
Durante entrevista exclusiva concedida ao nosso portal no último sábado (12), Kubica revelou como mantém os pés no chão mesmo após uma conquista tão simbólica. “Le Mans já passou. Agora é pensar no próximo objetivo”, afirmou. Questionado sobre a nova forma como tem sido chamado — o vencedor de Le Mans —, ele respondeu com simplicidade: “Sigo sendo apenas o Robert.”
A frase sintetiza uma mentalidade que transcende resultados. Desde sua estreia na Fórmula 1 em 2006, Kubica construiu uma trajetória marcada por feitos impressionantes e provações extremas. Foi o primeiro polonês na categoria e, logo em sua terceira corrida, conquistou um pódio. Em 2008, venceu o GP do Canadá, um ano após um acidente grave no mesmo circuito. Cotado para a Ferrari, vivia seu auge quando, em 2011, sofreu um acidente devastador durante um rali na Itália, que comprometeu severamente o braço direito e o afastou do grid.
A recuperação foi longa e incerta. Ainda assim, Kubica retornou ao automobilismo, passou por categorias como o WRC, voltou à F1 com a Williams em 2019 e migrou para o endurance, onde passou a se destacar novamente.
A vitória em Le Mans neste ano, a bordo do Ferrari 499P da AF Corse, foi histórica. Kubica dividiu o carro com Phil Hanson e Yifei Ye, completando 43% da prova, incluindo as últimas 59 voltas com dificuldades no acesso à hidratação, devido a uma falha no sistema.
Apesar disso, ao chegar ao Brasil, seu discurso era o mesmo de sempre: foco, constância e profissionalismo.
Durante a coletiva promovida pela FIA na sexta-feira, jornalistas perguntaram se sua trajetória inspiradora poderia ser transformada em filme. Kubica respondeu com naturalidade, reconhecendo o simbolismo da história, mas sem glamourizar a dor: “Eu preferiria nunca ter passado por aquele acidente.”
Ainda assim, ele reconheceu a potência de sua jornada. “Nós, como seres humanos, somos capazes de fazer coisas realmente incríveis, mas não é fácil. É uma luta interna muito grande. Acho que eu poderia ajudar com isso [ao dividir a minha história]”, disse.
Para Kubica, o ambiente vibrante do Brasil, com arquibancadas cheias e uma torcida calorosa, representa mais um cenário desafiador — não pelo barulho, mas pela necessidade de manter o foco em meio ao entusiasmo ao redor. “Quando vou para uma corrida, gosto de estar concentrado no que preciso fazer, no que é exigido de mim e no que preciso alcançar. Isso sempre foi assim, desde que eu era jovem”, explicou ao longo da entrevista.
Essa consistência na forma de pensar e agir é o que transforma Kubica em referência. Em um paddock repleto de estrelas e egos, ele se destaca por outra via: a da sobriedade. Ao vencer Le Mans, entrou para a história. Mas foi sua mentalidade — firme, silenciosa e resiliente — que o trouxe até esse lugar.
Robert Kubica não se define pelos títulos que conquistou, mas pela forma como lidou com os inúmeros desafios da carreira. Ao manter os pés no chão em meio à glória e ao manter a mente no presente mesmo quando o passado o eternizou, o piloto polonês reafirma que grandeza e simplicidade não são opostos. São, no seu caso, inseparáveis.

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